terça-feira, 18 de março de 2014

VOCAÇÃO PASTORAL


Vi uma postagem muito interessante, do pastor Magno Paganelli, em que ele identifica o ofício de pastor evangélico como possível de se relacionar com outros ofícios. Realmente, o que se exige para o exercício das funções relatadas, em certa medida, também é cobrado no exercício do ministério pastoral.

PASTOR E ADVOGADO

O pastoreio de uma igreja exige um trabalho bem parecido com o exercício do Direito: a busca da Justiça, da conciliação, de deixar evidentes os vícios ou os erros de interpretação. Enquanto o advogado trabalha suas teses sob a luz dos Códigos, o pastor exerce seu ministério à LUZ DO Código Supremo: a Bíblia Sagrada. Por conseguinte, não haverá bom advogado que ignore a legislação ou que não saiba bem aplicá-la a cada caso. Também é impossível a um pastor a mínima ignorância da legislação divina, a Bíblia, sob cuja orientação ministra. Pastoreio e advocacia têm de fato algo comum. Vale lembrar que o exercício de uma atividade, mormente intelectual, é mais bem efetivado, considerando-se a tendência, também chamada vocação. O pastor tem que sentir uma vocação que grita bem alto em sua alma.

PASTOR E MÉDICO

As igrejas que fazem bem o seu trabalho são clínicas ou hospitais. Tal qual o médico é dedicado à cura dos malefícios causados à saúde e ao bem-estar físico, o pastor precisa ser homem voltado para a cura dos males espirituais, das fraquezas humanas, das deficiências do caráter humano. Todo médico, desde o início de seus estudos, sabe que será cobrado de uma profunda misericórdia pelos seus semelhantes. Ainda que, por questões culturais absurdas, muitos médicos cultuem a arrogância, essa não é a conduta deles requerida. A relação entre o exercício pastoral e o exercício da Medicina se dá na razão direta da misericórdia pelo próximo. Pastores e médicos frios, insensíveis, arrogantes, distantes do próximo, que se vêem como pessoas acima das demais, não têm a verdadeira chamada para o seu trabalho. Nenhum pastor arrogante é útil ao pastoreio.

PASTOR E PROFESSOR

A igreja tem de ser uma escola de curso contínuo. Isso é uma ordem de Jesus: “ensinai” (MT 28.19-20). Ora, quem ensina, senão o professor, o mestre? Uma das características primordiais do professor é o amor pelo estudo, pela aprendizagem e pela propagação do conhecimento adquirido. Professor procura e faz discípulos; por isso é necessário que possua conhecimentos a oferecer. Assim, também o pastor. Um pastor precisa entender sua igreja como uma escola de cujo ensino ele se ocupa. A igreja não é uma escola descumpridora de seu dever, em que os discípulos vivem indisciplinadamente. Como o professor, o pastor se obriga a um profundo conhecimento de sua matéria: a Bíblia. Onde não há professor a população permanece ignorante, grosseira, passa a ser massa de manobra na mão dos inescrupulosos. Onde não há pastor com mentalidade educativa o povo perece espiritualmente.

PASTOR E ADMINISTRADOR

A igreja tem, de ser administrada. Administrar não é mandar; é conduzir com critérios aprovados. O administrador faz mais do que simplesmente ministrar. Ministração é atividade que envolve a aplicação de conhecimentos particulares. Administração prevê trabalho conjunto, prevê organograma, hierarquia (não no sentido barato da superioridade). Quem administra leva uma equipe a um resultado pré-estabelecido. O pastor faz a administração eclesiástica, matéria que, embora estudada nos bons seminários, deixa a deseja na prática do pastoreio. Será malsucedido o administrador que trouxer para si a noção de “chefia”, o orgulho, a decisão imposta; dá-se mal o administrador que não ouve seus pares ou subordinados, nem se preocupa com o meio-termo nas decisões. Esse é o arbitrário que levará a causa ao insucesso. O pastor, na condição de administrador eclesiástico, não está isento dos mesmos deveres. Igrejas bem administradas são igrejas prósperas em todos os sentidos, não apenas em número de congregados, ou resultados financeiros. Tal não pode ser o escopo de uma verdadeira igreja.  As piores empresas ajuntam maior número de pessoas desnecessárias; as igrejas mal gerenciadas trazem para seu ambiente toda sorte de interesseiros e desonestos.

Bem, até aqui, meditamos na boa relação entre alguns ofícios e o pastoreio. Magno Paganelli, suscita, ainda, a possibilidade de algumas relações que se podem dizer impossíveis, senão espúrias: comparação do pastor com o homem de “marketing”, com o empresário e com o comerciante.

PASTOR E HOMEM DE “MARKETING”, EMPRESÁRIO, OU COMERCIANTE

O compromisso do chamado marqueteiro com determinada empresa limita-se ao sucesso da conta. O interesse dele é “vender” um produto. Trata-se de um profissional preparado para produzir lucro econômico e financeiro. Obtidas essas vantagens, seu compromisso se extingue e o profissional parte para outro empreendimento. Acabou de vender sabão? Vai vender refrigerante etc. Pastores não se alinham com esse perfil. O pastor tem o compromisso de conduzir suas ovelhas à sanidade espiritual, antes de estar preocupado com qualquer sucesso pessoal ou financeiro. A Economia da igreja não deve crescer, porque ela deve aumentar seus compromissos eclesiásticos na mesma proporção do crescimento material. Enfim, igreja não é empresa

C0NCLUSÃO

Dado o exposto, qualquer leitor participante de uma igreja pode e deve avaliar como está sendo efetuada a direção de sua instituição, sem que se esqueça algo muito importante: a honra que merecem os bons pastores, mesmo porque as exigências são pesadíssimas. Um pastor, com “P”, terá de reunir em si mesmo as características de um advogado, pois lutará em favor da Justiça divina e também humana; será um médico de almas, solícito a qualquer atendimento em qualquer horário ou lugar e onde for convocado; será um professor, guiando suas ovelhas no caminho correto e na compreensão e conhecimento da Palavra de Deus, que é a Bíblia Sagrada. Será, ainda, um exímio administrador, pois saberá escolher líderes que o ajudem a atingir os ideais, com toda amabilidade, sabendo discutir os problemas e procurando alcançar soluções resultantes de sua autoridade, mas sem autoritarismo.

Os que se posicionam nas categorias de marqueteiros, empresários ou comerciantes forçosamente devem ser vistos como falsos pastores, dos quais o país está cheio, basta que se vejam as inúmeras “igrejas”, as programações levadas ao ar nas redes de televisão e de rádio. Acompanham tais homens os incautos ou os de má intenção.

 

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