Vi uma postagem muito
interessante, do pastor Magno Paganelli, em que ele identifica o ofício de
pastor evangélico como possível de se relacionar com outros ofícios. Realmente,
o que se exige para o exercício das funções relatadas, em certa medida, também
é cobrado no exercício do ministério pastoral.
PASTOR E ADVOGADO
O pastoreio de uma igreja
exige um trabalho bem parecido com o exercício do Direito: a busca da Justiça,
da conciliação, de deixar evidentes os vícios ou os erros de interpretação.
Enquanto o advogado trabalha suas teses sob a luz dos Códigos, o pastor exerce
seu ministério à LUZ DO Código Supremo: a Bíblia Sagrada. Por conseguinte, não
haverá bom advogado que ignore a legislação ou que não saiba bem aplicá-la a
cada caso. Também é impossível a um pastor a mínima ignorância da legislação
divina, a Bíblia, sob cuja orientação ministra. Pastoreio e advocacia têm de
fato algo comum. Vale lembrar que o exercício de uma atividade, mormente
intelectual, é mais bem efetivado, considerando-se a tendência, também chamada
vocação. O pastor tem que sentir uma vocação que grita bem alto em sua alma.
PASTOR E MÉDICO
As igrejas que fazem bem o seu
trabalho são clínicas ou hospitais. Tal qual o médico é dedicado à cura dos
malefícios causados à saúde e ao bem-estar físico, o pastor precisa ser homem
voltado para a cura dos males espirituais, das fraquezas humanas, das
deficiências do caráter humano. Todo médico, desde o início de seus estudos,
sabe que será cobrado de uma profunda misericórdia pelos seus semelhantes.
Ainda que, por questões culturais absurdas, muitos médicos cultuem a
arrogância, essa não é a conduta deles requerida. A relação entre o exercício
pastoral e o exercício da Medicina se dá na razão direta da misericórdia pelo
próximo. Pastores e médicos frios, insensíveis, arrogantes, distantes do
próximo, que se vêem como pessoas acima das demais, não têm a verdadeira
chamada para o seu trabalho. Nenhum pastor arrogante é útil ao pastoreio.
PASTOR E PROFESSOR
A igreja tem de ser uma escola
de curso contínuo. Isso é uma ordem de Jesus: “ensinai” (MT 28.19-20). Ora,
quem ensina, senão o professor, o mestre? Uma das características primordiais
do professor é o amor pelo estudo, pela aprendizagem e pela propagação do
conhecimento adquirido. Professor procura e faz discípulos; por isso é
necessário que possua conhecimentos a oferecer. Assim, também o pastor. Um
pastor precisa entender sua igreja como uma escola de cujo ensino ele se ocupa.
A igreja não é uma escola descumpridora de seu dever, em que os discípulos
vivem indisciplinadamente. Como o professor, o pastor se obriga a um profundo
conhecimento de sua matéria: a Bíblia. Onde não há professor a população
permanece ignorante, grosseira, passa a ser massa de manobra na mão dos
inescrupulosos. Onde não há pastor com mentalidade educativa o povo perece
espiritualmente.
PASTOR E ADMINISTRADOR
A igreja tem, de ser
administrada. Administrar não é mandar; é conduzir com critérios aprovados. O
administrador faz mais do que simplesmente ministrar. Ministração é atividade
que envolve a aplicação de conhecimentos particulares. Administração prevê
trabalho conjunto, prevê organograma, hierarquia (não no sentido barato da
superioridade). Quem administra leva uma equipe a um resultado
pré-estabelecido. O pastor faz a administração eclesiástica, matéria que,
embora estudada nos bons seminários, deixa a deseja na prática do pastoreio.
Será malsucedido o administrador que trouxer para si a noção de “chefia”, o
orgulho, a decisão imposta; dá-se mal o administrador que não ouve seus pares
ou subordinados, nem se preocupa com o meio-termo nas decisões. Esse é o
arbitrário que levará a causa ao insucesso. O pastor, na condição de
administrador eclesiástico, não está isento dos mesmos deveres. Igrejas bem
administradas são igrejas prósperas em todos os sentidos, não apenas em número
de congregados, ou resultados financeiros. Tal não pode ser o escopo de uma
verdadeira igreja. As piores empresas
ajuntam maior número de pessoas desnecessárias; as igrejas mal gerenciadas
trazem para seu ambiente toda sorte de interesseiros e desonestos.
Bem, até aqui, meditamos na
boa relação entre alguns ofícios e o pastoreio. Magno Paganelli, suscita,
ainda, a possibilidade de algumas relações que se podem dizer impossíveis,
senão espúrias: comparação do pastor com o homem de “marketing”, com o
empresário e com o comerciante.
PASTOR E HOMEM DE “MARKETING”, EMPRESÁRIO, OU COMERCIANTE
O compromisso do chamado
marqueteiro com determinada empresa limita-se ao sucesso da conta. O interesse
dele é “vender” um produto. Trata-se de um profissional preparado para produzir
lucro econômico e financeiro. Obtidas essas vantagens, seu compromisso se
extingue e o profissional parte para outro empreendimento. Acabou de vender
sabão? Vai vender refrigerante etc. Pastores não se alinham com esse perfil. O
pastor tem o compromisso de conduzir suas ovelhas à sanidade espiritual, antes
de estar preocupado com qualquer sucesso pessoal ou financeiro. A Economia da
igreja não deve crescer, porque ela deve aumentar seus compromissos
eclesiásticos na mesma proporção do crescimento material. Enfim, igreja não é
empresa
C0NCLUSÃO
Dado o exposto, qualquer
leitor participante de uma igreja pode e deve avaliar como está sendo efetuada
a direção de sua instituição, sem que se esqueça algo muito importante: a honra
que merecem os bons pastores, mesmo porque as exigências são pesadíssimas. Um
pastor, com “P”, terá de reunir em si mesmo as características de um advogado,
pois lutará em favor da Justiça divina e também humana; será um médico de
almas, solícito a qualquer atendimento em qualquer horário ou lugar e onde for
convocado; será um professor, guiando suas ovelhas no caminho correto e na
compreensão e conhecimento da Palavra de Deus, que é a Bíblia Sagrada. Será,
ainda, um exímio administrador, pois saberá escolher líderes que o ajudem a
atingir os ideais, com toda amabilidade, sabendo discutir os problemas e
procurando alcançar soluções resultantes de sua autoridade, mas sem
autoritarismo.
Os que se posicionam nas
categorias de marqueteiros, empresários ou comerciantes forçosamente devem ser
vistos como falsos pastores, dos quais o país está cheio, basta que se vejam as
inúmeras “igrejas”, as programações levadas ao ar nas redes de televisão e de
rádio. Acompanham tais homens os incautos ou os de má intenção.
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