terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

LÍNGUA PORTUGUESA

Vou deixar para vocês uma joia do nosso idioma, certo de servirá para esclarecer algo que muitas pessoas desconhecem; o poema é de Olavo Bilac, nome completo: Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac, que o poeta parnasiano orgulhosamente exibia, por formar um verso dodecassílabo (doze sílabas métricas). Chama-se o poema "Língua Portuguesa".

"Última flor do Lácio, inculta e bela
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura...
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor; lira singela,
que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
de virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma

Em que da voz materna ouvi "meu filho"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho".

Agora se esclarece, se necessário, qual é a "Última flor do Lácio": é a língua portuguesa, originada no latim vulgar; inculta pela sua miscigenação no ambiente indígena; bela, na tradição do canto de Camões. Neste poema, Bilac canta todo o poderio desse magno idioma: ouro x cascalho; tuba x lira singela; silvo da procela x arrolo da saudade e da ternura. Canta a abrangência geográfica: virgens selvas x oceano largo. Para o eu-lírico a língua portuguesa soa como uma orquestra grandiloquente: é rude e, paradoxalmente, doloroso. Aprecie-o lendo-o e relendo-o.

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