É própria da natureza humana a
prática do esforço para alcançar metas. Absolutamente nada se realiza sem essa
ferramenta. O esforço não é um presente, uma dádiva: é uma imposição. Qual a
origem dessa imposição?
Quando, no Éden, os primeiros
pais decidiram desobedecer à orientação divina, sujeitaram-se à necessidade do
esforço para sobreviver.
“E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim
comerás livremente; mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás;
porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16-17). Adão
e Eva desobedeceram à determinação e se viram obrigados ao castigo que lhes
sobreveio da parte de Deus: “E à mulher
disse: multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás
filhos...; Adão ouviu sua sentença:
“maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua
vida. [...] No suor do teu rosto
comerás o teu pão...” (Gn 3.16-19).
Aí está uma imposição divina
da qual não há quem escape. O esforço passou a ser inerente à atividade humana
desde o ventre materno. Tudo quanto se realiza passa por esse processo, desde
as atividades físicas até as intelectuais. Ninguém aprende coisa alguma sem
esforço; a ciência evolui, multiplica-se, mas quanto custa em esforço aos
cientistas!
Entretanto, Satanás procura
mostrar ao ser humano que não há necessidade de cumprir essa lei divina; ele
sempre acena com “facilidades”. Quando enganou a Eva, sussurrou-lhe facilidade,
disse-lhe que “não é bem assim”. Ao próprio Senhor Jesus ele pretendeu acenar
com suas “facilidades”; leia-se Mateus, 4. 1-11.
Até hoje ele opera nessa
frequência, conduzindo o homem à procura do menor esforço. A sociedade atual
está altamente envenenada com essa proposta maléfica. Nada de esforço. A
máquina faz por nós. Tudo vem empacotado, enlatado, pronto. Para que esforço? A
maioria dos estudantes exige fórmulas mágicas para resolução de questões
necessariamente racionais. Vivem- se tempos do “espera-se que”.
Estive reparando os votos de
bons tempos para o novo ano de 2014. Talvez se contem nos dedos de uma única
mão as mensagens que sugerem trabalho, esforço, reforma, dedicação. Todos
“esperamos”. Nunca a conjunção integrante que
foi tão usada!
Observei populares
entrevistados na televisão, nessa passagem de ano, sobre suas expectativas.
Invariavelmente as respostas denotavam as aspirações com solenes “tomara que”,
“espero que”, “o governo precisa resolver” etc. Qual a noção de esforço nessas
expectativas?
Os casais vivem seus
desacordos, enquanto “esperam que” o outro resolva; nas igrejas, os fiéis
“esperam que” Deus os abençoe. Por aí, usa-se a expressão “se Deus quiser” num
sentido de passar ao Senhor a responsabilidade da realização de um intento;
nunca a usam no sentido de “esforço submetido à vontade divina”. Vivemos a síndrome da esperança sem esforço.
Uma cilada satânica muito bem espalhada no mundo.
Não haverá consecução de
objetivos, não haverá paz, não haverá mudanças nos relacionamentos
microssociais, nem macrossociais sem que se cumpra a determinação divina do
esforçar-se.
Tome-se por lição a história
do líder israelita Josué, que substituiu a Moisés. Deus lhe disse:
“Moisés, meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa esse
Jordão,...” “Esforça-te e tem
bom ânimo, porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais
lhes daria. Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo para teres o
cuidado de fazer conforme toda a lei que meu servo Moisés te ordenou;...” (Js 1.1-8; grifos meus). A leitura do
livro de Josué é indispensável para se observar a necessidade do esforço e
dedicação a uma tarefa pessoal ou coletiva.
Eis-nos em 2014. Não nos
conformemos com a esperança infrutífera. Partamos para o esforço e endossaremos
um dito da sabedoria popular que diz: “Deus ajuda a quem madruga”. É fato!
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