A palavra confidência pertence à mesma família de fidelidade. O confidente tem de ser pessoa de absoluta confiança,
precisa ser aquele que em nenhuma circunstância trai um segredo. A maior
quantidade de confidentes circula entre jovens e adolescentes, fase da vida em
que se elegem os “melhores amigos”. Mas as pessoas maduras também criam seus
confidentes, seus “grandes amigos”, a quem contam suas particularidades e,
quase sempre, as particularidades alheias.
Nada é mais reprovável do que
alguém passar a seu confidente um segredo alheio. A confidência do segredo alheio é a maternidade
da maledicência, o berço da fofoca, o nascedouro do ódio, a gênese do infiel
para com o companheiro. Confidência é circunstância tão problemática que pode
se tornar inconfidência.
Em princípio, não há pessoa de
“absoluta confiança”. Onde está esse ser humano? Onde está a pessoa em quem se
possa confiar absolutamente? Que diz a Bíblia a esse respeito?
Não há facilidade para se
encontrar o confidente, uma vez que ninguém tem a capacidade de conhecer o
coração alheio, o íntimo de outrem, ainda dos mais próximos. A Bíblia diz que o
coração humano é enganoso, trai a si próprio. “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável.
Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias, 17.9). “Maldito o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a
sua força...” (Jr 17.5). Não existe pessoa em quem se possa depositar a
totalidade da confiança.
Por que Deus deixou nos homens
esse impedimento moral, considerando-se que o ser humano é de natureza social?
Por que essa dificuldade de se abrir o coração diante de quem parece ser tão
confiável, tão próximo, tão simpático? Por que as Escrituras Sagradas atribuem
maldição aos que confiam no auxílio humano? Parece contraditório que a Bíblia
fale de amor ao próximo, de união, de compreensão e, simultaneamente, traga
esse peso. Há uma razão superior.
A natureza humana é divorciada
da natureza divina; opõem-se a ela. O homem natural não reconhece a
superioridade divina; por isso, dá preferência a construir relações meramente
humanas: a sua “Torre de Babel” (Gênesis, 11.3).
Conhecedor dessa deformidade
espiritual, mas cheio de amor pela humanidade, Deus impôs um entrave na
confiança do homem na sua própria humanidade. Por meio desse entrave, os
corações se veem obrigados a confiar na absoluta fidelidade e providência
divina, independentemente de qualquer ingerência humana.
Não há humano que possa ser
detentor seguro dos segredos mais íntimos de outrem. Isso glorifica a Deus: só
a Ele o homem deve confiar as suas tristezas, decepções, fraquezas ou deslizes,
sabendo que Ele é o Único fiel e justo. “Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos
pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1.9). Essa é a razão por
que os confidentes devem ser evitados, em favor do verdadeiro Confidente
amável, seguro, criterioso: Jesus Cristo. “Entrega
o teu caminho ao Senhor, confia nele e ele agirá...” (Salmo 37.5).
Jesus é o amigo certo, sempre
na hora certa, com o apoio certo. “Quem
tem muitos amigos pode chegar à ruína, mas, existe amigo mais apegado que um
irmão” (Provérbios, 18.24). Quem é esse amigo mais apegado que um irmão?
Existe? Em que momento ele não se fará presente?
Sim. Existe esse amigo: Jesus
Cristo, o amigo absolutamente infalível. Seja Ele, só Ele, o seu confidente.

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