“E, quando acabou de falar, disse a Simão:
Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar” (Lc 5: 4).
“E disse Jesus a Simão: Não temas, de
agora em diante, serás pescador de homens” (Lc 5: 10)
No
episódio da grande pesca, relatado apenas no Evangelho de Lucas, há
maravilhosas e indispensáveis lições para a vida de todo crente. Aliás, cada
texto da Palavra de Deus é fonte de inesgotável proveito. Os dois versículos
destacados na narrativa mencionada serão, aqui, vistos sob a ótica da
importância que o Senhor Jesus dá à liderança na vida da sua Igreja.
Vive-se
uma época em que se valoriza a autonomia; palavra de origem grega, relativa à
capacidade daquele ou daquilo que apresenta leis próprias, ou que trata do seu
próprio governo. Esse conceito não cabe na vida espiritual dos que se mantêm em
consonância com a Bíblia. Cristão não é autônomo, pois depende de Deus.
Evidentemente os autônomos não se submetem a lideranças, dizem-se livres para
agir.
Entretanto,
não se pode confundir autonomia com liberdade. A liberdade concede ao homem a
condição de não ser escravizado; mas não o isenta de estar sob liderança. Já a
autonomia promove a disposição de o homem agir pelos próprios desígnios.
No
quinto capítulo do evangelho de Lucas, versículo 4, acima transcrito, nota-se
que Jesus dirigiu-se ao homem que comandava o barco, Pedro, e lhe ordenou que
(ele) levasse o barco ao mar alto; quando lá estivesse com seus liderados,
lançassem (eles) as redes para pescar. Jesus viu uma liderança!
Nestas
considerações, por enquanto, não se põe em discussão a qualidade do líder —
Pedro não estava adaptado à liderança que Jesus pretendia. Aqui se tem uma
prova de que o Senhor aprecia homens que tenham espírito de liderança, a fim de
prepará-los para um bom desempenho na obra.
Entre
tantos outros líderes apontados nas Escrituras, pode-se ressaltar Eliseu, servo
de Elias; ele mostrava liderança (2 Rs 2: 3; 18); recebeu a bênção de maior
liderança e destaque. Saulo de Tarso era um jovem dotado de liderança (At 9:
1-2). O Senhor o transformou no líder Paulo (At 9: 15). Deus aprecia a
potencialidade dos lideres, para fazê-los líderes de fato.
Jesus
sabia que Pedro, apesar de líder, era homem insolente, arrogante; por isso,
desejou moldá-lo para a obra. Quando mandou que ele levasse o barco para o alto
mar, já lhe preparava a lição que o levaria a um espírito de liderança sadio.
“Faze-te ao mar!” Essa ordem divina não foi bem recebida pelo discípulo, pois
ele retrucou (v.5). Jesus, entretanto, tinha seus planos. Contrariado, Pedro
obedeceu e foi ao mar com seus liderados. Ali todos se puseram ao trabalho da
pesca.
O
trabalho não é apenas do líder. Jesus disse: Lançai as redes! Muita gente
imagina que a tarefa em busca do sucesso é apenas do líder. O Senhor espera de
cada um a dedicação constante ao trabalho. Das ordens que dará ao líder ele
cuida!
Ao
voltar, surpreso da pescaria maravilhosa, Pedro percebeu que seu preparo
profissional e sua autonomia não eram suficientes para o sucesso: ele dependia
do Senhor (Lc 5: 8). Agora, sim; a liderança - que era inerente ao pescador da
Galileia - estava a caminho de ser bem aproveitada na obra do divino Senhor:
“... Não temas! De agora em diante, serás pescador de homens” (v. 11).
Uma
liderança só é proveitosa para Deus quando passa pelo crivo da humildade, pelo
fogo do reconhecimento da absoluta necessidade da graça do Senhor, tal como
aconteceu também com Paulo, o apóstolo dos gentios.
Assim,
deve-se compreender que o trabalho na obra do evangelho está estruturado no emprego
de lideranças escolhidas, preparadas e enviadas pelo próprio Senhor da obra; essas
lideranças conduzirão, para o alto mar, aqueles que lançarão as redes para a
pesca de almas que encherão o Reino dos Céus. Entendamos a nossa total
dependência do Mestre, que nos ensina a cooperar com as lideranças que ele
mesmo determinou, submetendo-nos a sua orientação, a fim de que a obra do
ministério evangelístico se realize plenamente.
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