“Há
quem vele as pisadas
Que
eu dou na sombra ou luz,
Pelas
sendas escarpadas,
Velará
por mim Jesus.
Pelos
vales, pelos montes,
Me
conduz a sua mão.
Vejo
já os horizontes
Duma
perene mansão.”
(Harpa Cristã, 194)
Pode
parecer saudosismo. É possível que seja! Mas, as igrejas evangélicas já
cantaram belíssimas canções de inspirado louvor a Deus, as quais ainda brilham
nas amareladas páginas de hinários como a Harpa Cristã, o Cantor Cristão, o
Salmos e Hinos, entre outros.
Cantavam-se
músicas que enchiam de gozo a alma, que traziam ânimo ao abatido, que
levantavam do leito o enfermo, que, sobretudo, exaltavam a Glória do Senhor. As
igrejas cantavam poesias triunfantes e animadoras:
“Jesus, sim, vem!... Nossa esperança é Sua
vinda!...”; “Queres neste mundo ser um vencedor?...”. Outras de
plena confiança em Deus: “Castelo forte é o nosso Deus...”; “Eu
confio firmemente/Que no Céu vou descansar/Com Jesus...”. E outras tantas
preciosidades da Fé.
Até
mesmo quando havia cerimônia fúnebre — instante em que o mundo se vê sem
esperança e se contorce em dor e desespero — os hinos eram maravilhosos, plenos
de consolo e esperança e, não raro, traziam à conversão muitos circunstantes
desesperançados: “No Céu foi Jesus preparar-nos lugar/ Na Glória...”; “Ver-nos-emos
junto ao rio sem igual...”. Sem dúvida, os crentes iam mesmo para o Céu!
Houve
um tempo — quando a Igreja pentecostal ainda era mais pentecostal — em que o
“coro”: um conjunto de doze, quinze ou vinte vozes comuns, sem maior preparo na
Arte e na Ciência da Música, esforçava-se para entoar a quatro vozes, “à
capela”, aquelas maravilhosas páginas do Antemas Celestes ou dos Coros
Sacros, depois de muitos dias de ensaios e oração. Lembra-me que muito
ensaio ficava com pouquíssimo tempo; porque os irmãos iam-se ajoelhando, desde quando
chegavam à igreja — um após o outro — e a reunião transformava-se em prolongado
momento de oração fervorosa. Entretanto, no domingo, os “baixos” entoavam
felizes:
Lá no Céu! Lá no Céu.”
Ah! Quantas saudades daqueles hinos! É que eles
foram ficando velhos: seus compassos ternários ou quaternários, muito sacros,
já não se conformavam aos ouvidos de hoje (ou talvez aos corações) acostumados
com outros sons insistentemente divulgados pela mídia “gospel”. Hoje quase não
há irmãos que louvam a Deus: há cantores, profissionais do canto “sacro”. Como
tais, cantam qualquer letra ou ritmo que “faça sucesso”. Saudosos
tempos, quando a congregação entoava com muita certeza: “Foi na cruz, foi na
cruz/Onde um dia eu vi/Meus pecados castigados em Jesus...” Outras vezes, a música soava docemente: “Vem
já! Vem já! Alma cansada, vem já!”
A
Igreja cantava e tantas pessoas vinham contritas à frente, entregar suas vidas ao Senhor
Jesus. Muitos que passavam na rua, paravam para ouvir: “Pecador, vê, a luz
brilha para ti...” Era o “hino dos crentes”.
Que saudade de tempos tão “crentes”!
Antigamente,
convidava-se alguém para ouvir “a Palavra”, na igreja. Hoje pouco se convida o descrente
para ir à igreja, a menos que haja um grande espetáculo. Claro que muitos
eventos servem para atrair pessoas que jamais iriam a uma igreja. Não é ao
evento que me oponho: grito contra a substituição do louvor a Deus pelo louvor
ao artista, num espaço em que a Palavra de Deus não é sequer mencionada.
Há
eventos que servem para entretenimento do povo cristão e isto é elogiável. É
mais do que aceitável que pulem, gritem, aplaudam o cantor. Porém deve haver a
consciência de que se trata de um tempo de descontração. Não é culto ou
adoração ao Senhor especificamente. Não devemos misturar as atividades sacras
com as profanas. Há momento para o homem e há momento para Deus.
Um rei que não soube
fazer essa distinção precisou chamar a Daniel, o profeta de Deus, para que
identificasse a terrível sentença que a mão divina escrevia na parede do palácio.
(Dn 5). Diz um antigo e belo hino — que desde criança ouvi, na linda voz de Feliciano
Amaral:
“Numa orgia nefanda
o rebelde Belshazar
Com os grandes do seu
reino todos eles a folgar.
Num
instante pararam, quando o rei percebeu
Mão
de Deus na caiadura, que, escrevendo, apareceu...
......................................................................................
Tua
vida, ó amigo, na parede escrita está:
O
registro dos teus atos mão de Deus escreve já.
Que
Jesus, pois, te faça tal escrita compreender;
Que,
em havendo tempo, possas
Sua
Graça receber”.
Sabe uma coisa? Certa vez, Jesus expulsou os
negociantes que atuavam no templo. Não é de duvidar que hoje expulsasse os
comerciantes da música sagrada. Que bom seria ainda entoarmos alguns daqueles belos
hinos que estão nas páginas amareladas de hinários escritos por homens
inspirados pelo Espírito Santo de Deus!
Enfim, que saudades daqueles
hinos!
Lindas e sábias palavras. Algumas pessoas me perguntam por que cantar os hinos da harpa e digo que foram escritos em tribulações inspirados por Deus, e não são letras escritas na correria para preencher apenas um número de faixas necessárias para lançamento de cds. Deus o abençoe Pr. por essas palavras.
ResponderExcluirMuito boa sua reflexão, concordo plenamente! E observo ainda que nas musicas atuais as letras ao invés de ser para adoração a Deus, servem de auto ajuda.
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