Centenário! Faz 100 anos a Igreja Evangélica Assembleia de Deus (antes era Assembléia de Deus, com acento). A mudança na grafia do nome, porém, não é única a descaracterizar muitas das coisas originais. Aliás, não consigo compreender que haja alteração ortográfica em nome próprio centenário. Por acaso se escreverá Teófilo se em documento original se registrou Theophilo? Não se aceita Luiz , com z, e Luís? Bem, mas relembremos um pouco do passado mais recente da Igreja mencionada.
Ainda há quarenta ou cinquenta anos os cultos se realizavam em salões alugados (salões para 30, 40 ou 50 pessoas; não galpões para milhares!). Os crentes assembleianos não eram benquistos pela sociedade, nem mesmo pelos membros de igrejas tradicionais. Eram, na maioria, pobres economicamente e de pouca instrução escolar.
Os assembleianos do passado “envergonhavam” outros crentes, porque pregavam nas praças públicas, acompanhados de barulhentas “bandinhas”, idênticas a algumas que se veem nas portas das lojas, em períodos natalinos! Aqueles assembleianos sofriam escárnio, mas ganhavam almas para Jesus.
A Assembléia (eu quis deixar o acento gráfico!) amava entoar os hinos da Harpa Cristã. Cada crente sabia de cor muitos hinos. Muitos decoravam porque nem sabiam ler! Decoravam também a Bíblia!
Como as coisas mudaram! Hoje poucos são os membros da Assembleia que conhecem os hinos de seu hinário oficial! Para mim uma vergonha. Muitos púlpitos gastam metade dos cultos com apresentação de cantores e conjuntos (da denominação) incapazes de cantar o hino 15! Sabem qual é?
Há letras e arranjos modernos que ferem, primeiramente, o bom senso da adoração ao Senhor e também maltratam os princípios mais elementares tanto da hinódia cristã quanto da boa teologia.
A Harpa Cristã “envelheceu” junto com os irmãos do “passado”, ainda que estejam vivos. As saudosas e boas bandas de música que atraiam tantos “peixes” para a “pescaria” já foram há tempos aposentadas e substituídas por instrumentos comuns a qualquer espetáculo profano; por isso não têm poder atrativo. Quero dizer: o som que se ouve na igreja não é diferente do que se ouve em um “show”; logo, não atrai. Entenda-se que não me oponho aos instrumentos musicais!
Quando atrai, faz do culto um espetáculo interessante só até a hora do início da pregação da Palavra. Aí, baixa o desinteresse, o que prova que a atração musical não promoveu a vontade de ouvir a mensagem do Céu. As letras da Harpa Cristã são de muita profundidade espiritual; sua mensagem já converteu corações endurecidos. Ainda que suas melodias sejam, quase todas, musicalmente européias (europeus no Brasil as compuseram), as letras foram grandemente abençoadas pelo trabalho poético do Pastor Paulo Leivas Macalão, entre outros brasileiros. O Espírito Santo agiu na Arte daqueles servos de Deus.
Muita coisa mudou, além da grafia do nome! Quase que é possível estabelecer uma linha divisória entre a Assembléia de Deus e a Assembleia de Deus. Mas, se Deus não mudou, nem muda, nem mudará, por que mudará aquilo que o Espírito Santo concedeu aos seus? Ressuscitemos em nossos cultos e programações aquilo que fez o lastro da denominação centenária! Ressuscitemos o uso do hinário oficial cuja primeira edição saiu em 1922, organizada pelo missionário Samuel Nyströn. Ressuscitemos o evangelismo pessoal, uma das maiores armas da pescaria cristã. Ressuscitemos os cultos de oração bem frequentados. Ressuscitemos o interesse pela Escola Bíblica Dominical, responsável pela formação inicial de muitos obreiros. Ressuscitemos, se não as bandas de música, os conjuntos corais que, a quatro vozes, sempre engrandeceram o nome do Senhor. Ponhamos um pouco ao lado os cantores moderninhos que jamais se unirão aos conjuntos vocais, porque se acham “vocalistas”; fazem “carreira solo”. Demos lugar à manifestação do antigo Espírito Santo, através da prática antiga de servir ao Senhor. Parabéns, Igreja Assembléia de Deus, pelo transcurso do seu centenário!
Fantástico, querido irmão Tavares! Você transferiu neste seu blog o sentimento, o pensamento, de milhões de assembleianos(inclusive eu). A Harpa está esquecida em milhares de congregações no Brasil. Parece que, ainda, no Pará se preserva os maravilhosos hinos desse hinário, no qual constam 24 hinos de uma das mulheres mais extraordinária e grandiosamente usada por Deus, co-responsável pela fundação da Assembléia de Deus, ganhadora de milhares de almas para Jesus: Frida Vingren, esposa de Gunnar Vingren.
ResponderExcluirPrecisamos, com urgência, de líderes que possam resgatar os rudimentos do primeiro amor, em toda a sua essência; que conserve a genuína doutrina cristã, antes que seja tarde demais.
Deus o abençoe sempre!
Luciano Lourenço
Muito bom seu artigo meu querido. Bom demais, sou uma admiradora dos hinos da harpa cristã, canto todos na igreja. Sempre que tem que cantar hino na igreja me chamam, até porque minha igreja é Pentecostal.
ResponderExcluirCreio que a AD saiu de um extremo a outro, mas ainda há tempo de voltar ao primeiro amor e a sã doutrina, que é mais importante. Paz querido!
Assim tocavam as bandas assembleianas do passado.
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=6vvlZb6xTGQ&feature=player_embedded