terça-feira, 19 de novembro de 2024

O ESCÂNDALO É PAI DA DESCRENÇA “Agora não sejas um incrédulo, mas crente.” (Jesus, Jo 20. 27 - KJA)

 



Leitura: 2Timóteo 3. 2-5:

 

“Saiba, entretanto, disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens amarão a si mesmos, serão ainda mais gananciosos, arrogantes, presunçosos, blasfemos, desrespeitosos aos pais, ingratos e ímpios; sem amor, incapazes de perdoar, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem; traidores, inconsequentes, orgulhosos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus. Com aparência de piedade, todavia, negando o seu real poder. Afaste-se desses também.”

 

 Então, Jesus declarou aos seus discípulos: É inevitável que fatos ocorram que levem o povo a tropeçar na fé; mas, ai da pessoa por meio de quem vêm os escândalos!” (Lc 17. 1. KJA)

  

A palavra escândalo tem origem grega, e nos chegou pelo latim; ela se aplica, em nossa língua, ao sentido de algo que causa uma interrupção brusca da normalidade, de um conceito social tido e aceito como imutável. O escândalo é uma das práticas inconsequentes e desastrosas, próprias dos indivíduos “amantes de si mesmos”; são pessoas que procuram satisfazer os seus próprios interesses, de modo explícito; mas, geralmente com sutileza, para não levantarem suspeitas de suas intenções, sem qualquer respeito pelos circunstantes.

O escândalo constitui um incidente terrivelmente ofensivo a um contexto garantidor de uma cosmovisão aceita e estabelecida. O escândalo fere a ética, abala a moral e, em geral, destroça a fé daqueles a quem atinge.

Essa última consequência é gravíssima, porque, ultrapassando os limites da vida terrena, pode destroçar a vida espiritual de muitos ingênuos, sem conhecimento bíblico. O escândalo é capaz de trazer à existência o desânimo, a tentação da fuga e a deserção daquilo que parecia estar consolidado.

Não sem motivo, o Senhor Jesus alertou sobre essa ocorrência tão peculiar àqueles a quem Paulo classificou como pessoas perniciosas, que viveriam, em escala crescente, nestes tempos trabalhosos. Essas pessoas pecaminosas têm causado escândalos, os mais perniciosos; principalmente, por serem os tais, ocupantes das funções mais destacadas na obra do Senhor. Quantos dos que se intitulam “homens de Deus” têm trazido incalculáveis prejuízos ao evangelho! Em nossos dias, o assunto é recorrente, e “prato cheio” para uma mídia vulturina.

Esta mensagem não pretende apenas apontar as evidências tão desastrosas no seio da igreja atual; mas, encorajar aqueles que se prendem a algo, já previsto pelo próprio Senhor Jesus: “haverá escândalos!”, e eles serão crescentes. Ap 22. 11 (KJA) alerta: “Ora, quem é injusto continue na injustiça; quem é mundano continue na impureza; mas, quem é justo firme-se na prática da justiça; e quem é santo continue a buscar a santificação.”

Finalizo, dizendo: - Diante dessa clara separação entre os praticantes do bem e os que optam pelo envolvimento em escândalos, a orientação bíblica não é escandalizar-se e abandonar a carreira! É prosseguir, como diz o apóstolo Paulo:

 

Contudo, caminhemos na medida da perfeição que já atingimos. Caros irmãos, sejam meus imitadores, e prestem atenção nos que caminham de acordo com o padrão de comportamento que temos vivido. Porquanto, já os adverti repetidas vezes, e agora repito com lágrimas nos olhos, que há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo. O fim dessas pessoas é a perdição; o deus deles é o estômago; e o orgulho que eles ostentam fundamenta-se no que é vergonhoso; eles se preocupam apenas com o que é terreno. No entanto, a nossa cidadania é dos céus, de onde aguardamos com grande expectativa o Salvador, o Senhor Jesus Cristo...” (Fp 3. 16-20. KJA).

Prossigamos! 

 

                                                                                                                                             

                                                                                                                                             

 

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

A PROMESSA DE PERDÃO AOS ARREPENDIDOS

 


Leitura: 2 Cr 7.14

 

Introdução

            Uma das preocupações da Igreja fiel deste tempo é a decadência espiritual de um grande número de pessoas, que deixaram esfriar a fé, a vida espiritual e, consequentemente, o amor pelo trabalho na obra do Mestre. Pouco a pouco, tornaram-se como a igreja de Éfeso, aquela igreja cujas características de fidelidade foram elogiadas pelo Senhor, porém, pelo descuido, esfriava, arrefecia no amor. Aqueles crentes foram repreendidos, para que se lembrassem do primeiro amor e retornassem à obediência. (Ap 2. 1.7)

            Em nossos dias, a Igreja de Cristo tem os olhos voltados para a derrocada deste mundo; e não poucos crentes ficam estarrecidos com o crescimento da impiedade entre os homens, sem que lhes venha à mente tudo quanto o Senhor Jesus e os apóstolos ensinaram sobre os tempos do fim. O que ocorre lá fora não são sinais para nos assustar, mas para nos indicar que não está longe o momento da Redenção da Igreja. O que, de fato deve preocupar-nos é o esfriamento espiritual dos crentes, a atenção dada às heresias mais inusitadas, os escândalos dentro das igrejas, entre outros acontecimentos até ruidosos. Hoje é preciso um tempo para pregar “aos crentes”.

 

A IGREJA PRECISA DE ARREPENDIMENTO, DE CONVERSÃO E DE ORAÇÃO

 

            O profeta Jonas foi enviado para pregar numa cidade incrédula e pecaminosa; eles desconheciam absolutamente o Deus de Israel. O próprio profeta julgou Nínive como um antro de pecadores, a quem a Palavra de Deus não deveria ser anunciada. Essa atitude causou-lhe dissabores, até que foi obrigado por Deus a levar uma profecia de castigo divino.

            Contrariando a expectativa do profeta, todo o povo se arrependeu, a partir do rei e dos grandes de seu palácio. O Senhor ouve o clamor dos que se arrependem com sinceridade. Jonas 3. 1-10.

            É triste perceber que entre os crentes parece não haver arrependimento e conversão sinceros; a maioria das pessoas busca nas denominações e nos templos a satisfação de seus interesses materiais: festas, comemorações, endeusamento de líderes..., enquanto, uma capa de cristianismo as conduz à perdição.

            São muitos os que se atrevem a pregar ao mundo uma mensagem avessa àquela pregada pelos profetas e pelos apóstolos, porque já não há proximidade com o poder de Deus. Paulo disse não se envergonhar do evangelho e explicou a razão dessa ousadia: o evangelho é poder de Deus. (Rm 1.16). Crente em processo de esfriamento comunga com as coisas deste mundo, por isso já não reconhece o poder do evangelho.

            Hoje, precisamos “evangelizar os crentes”, pregar-lhes sobre a separação do mundanismo, levá-los à oração e ao estudo da Palavra. Canta-se demasiadamente nos cultos, fazem-se apresentações teatrais para distrair uma platéia; mas a palavra de pregação, além de fraca no conteúdo e na forma de exposição tem um tempo mínimo. Os crentes já não se preparam para cultuar ao Senhor; ir à igreja virou um hábito semanal, sem influência na vida do crente.

 

Conclusão

 

Sejamos como o povo de Nínive, demonstremos o nosso arrependimento sincero com jejuns, humildade máxima, e orações. Talvez, o Senhor Deus tenha misericórdia de nós e abençoe o nosso chão, a nossa casa, a nossa família, enquanto o mundo caminha para a destruição.

Talvez o nosso arrependimento e consagração leve os que estão frios e os que andam mergulhados na perdição também se arrependam e haja grande colheita para o Reino Celestial.

 

domingo, 3 de novembro de 2024

SANTIDADE: UMA REIVINDICAÇÃO DIVINA

 







Texto para meditação: 1Pedro 1. 13-23

 

Introdução

 

O apóstolo Pedro inicia a sua Primeira Epístola, fazendo referência aos seus destinatários: os judeus crentes dispersos por vários lugares e atribulados por perseguições e outros dissabores. A eles o apóstolo envia uma amorosa saudação: “Graça e paz lhes sejam multiplicadas.” (vv.1-2).

Preocupado, o apóstolo glorifica o Senhor pela Salvação, por meio da qual entendemos que o crente, em termos da redenção, não é recondicionado, não passa por uma reforma, mas, é gerado uma nova criatura, para ter uma viva esperança que vem por causa da ressurreição do Senhor Jesus Cristo; por isso, os eventuais sofrimentos terrenos devem ser vistos com prova da fé, a fim de que glorifiquem a Deus. Pedro anima aqueles crentes com o mesmo interesse com que Paulo, mais tarde, escreveria aos Romanos:

 

Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual também temos entrada, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência, a experiência, e a experiência, a esperança.” (Rm 5. 1-6)

 

os crentes a quem Pedro se dirigiu, por estarem dispersos, sofriam as angústias da dispersão; eram perseguidos e ignorados pela sociedade. Eles haviam perdido o relacionamento com o seu próprio meio social. Por esse motivo, o apóstolo conforta-os e os anima para que mantenham a fé e a consequente esperança, até que chegue o Dia da vitória sobre todos os percalços desta vida.

Nós também, por causa do amor de Cristo, nos tornamos peregrinos e forasteiros; estranhos neste (e para este) mundo. (1Pe 2.11) Embora os desejos carnais ainda entrem em conflito contra a alma. Por essa razão, é necessário vigilância, para não cairmos em tentação.

 

A FÉ É A BASE DA NOSSA CRENÇA E DA NOSSA ESPERANÇA (Hb  11. 6)

 

Como nós mesmos, os destinatários dessa epístola, estão inseridos num tempo posterior ao ministério do Senhor Jesus neste mundo; porém, o evangelho os havia alcançado pelos ministros que lhes anunciaram as boas novas de Salvação, anteriormente profetizadas por homens que não veriam o cumprimento delas, porque marcavam eventos que somente as gerações futuras veriam.

Evidentemente, diante das circunstâncias apresentadas, os irmãos dispersos corriam o risco da desistência da fé. Não tenhamos dúvida de que as dificuldades da vida, as perseguições podem ser ferramentas para estimular o esfriamento, o desânimo, a desistência da fé. Precisamos cuidar para que as provações não nos vençam.

Feitas as considerações sobre a manutenção da fé e da esperança, a carta inicia o versículo 13, usando uma relação conclusiva, sobre o conteúdo precedente, a fim de relembrar uma exigência do Senhor Deus, para a vida de todo crente: “Portanto, estejam com a mente preparada para agir...”

O mundo é um feroz inimigo da santificação: esse estado de separação dos interesses deste século! O processo que leva à santificação parte de uma decisão pessoal, ajudada pelo Espírito Santo. A ausência de interesse pela vida santificada mostra que há inclinação para a pecaminosidade. Que perigo!

Sendo pessoal, o processo da santificação produz, também, um estado de santificação coletiva; ele gera um corpo santificado, que é a Igreja! Que responsabilidade nós temos, irmãos!

 

A Igreja de Cristo não é uma associação de autônomos, senhores de suas, opiniões e interesses, conformes com a sua particular cosmovisão. A Igreja constitui um corpo, no qual, cada membro tem de estar submetido aos desígnios de Cristo, o qual é a cabeça e, sem dúvida, o cabeça. (Ef 4. 15-16).

 

A santidade é uma reivindicação divina

 

A partir deste ponto, vamos meditar na sequência de versículos lidos, de 13 a 23:

 

13. Ter a mente preparada, apta para agir: Essa estrutura sugere a possibilidade de alguma interferência ou ataque que possam inibir a vida santificada; o crente deve ter a prontidão de um soldado, pela contínua observância da Palavra de Deus; vivendo em sobriedade; sempre em estado de atenção, para evitar o erro (Mt 26. 41; Ef 6.15). O crente não pode abrir mão da esperança “na graça que será dada, quando Jesus Cristo for revelado.” (1Co 15. 19)

 

14. Não se moldar pelos padrões do mundo: A obediência ao Senhor faz parte do caráter do servo fiel. É essa disponibilidade de servo fiel que nos afasta da vida pecaminosa. Não se pode conviver com os que desonram a Deus. Paulo faz a mesma advertência em Rm 12. 2: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”

 

15-16. Imitar a Santidade de Cristo: Em nós mesmos não habita bem algum (Rm 7. 19), mas devemos permanecer sob o domínio do Espírito de Deus (Rm 8. 9). O Espírito Santo, que em nós habita, é quem nos santifica. (Rm 8. 13). A Palavra de Deus exige que sejamos santos, porque Deus é Santo. Mas o que é ser santo? Ser santo não envolve, prioritariamente, o exterior. Os fariseus apreciavam a “santidade exterior”. (Mt 23. 25)

 

17. Viver em temor a Deus, que julgará a cada um de modo imparcial: Deus nos julgará individualmente. Ele julgará o exemplo que demos à vista deste mundo (Mt 5. 13-16). Que exemplo damos para a sociedade, na condição de membros do corpo de Cristo? (2Co 6. 14-15).

 

18-21. Permanecer cientes do preço impagável do nosso resgate: Todo crente manter continuamente vivo em sua memória (não apenas na semana da reunião para comemorar a Ceia do Senhor) o maior de todos os sacrifícios, de natureza espiritual, moral e física do Senhor Jesus, ao entregar-se à crucificação em nosso favor. O Senhor Jesus se fez maldição por nós, miseráveis pecadores (Is 53. 4-6; Gl 3. 13). Foi impagável o preço da nossa Salvação: ela custou a horrenda condenação e o sofrimento atroz do Senhor Jesus Cristo, como promessa da nossa Salvação, anterior à criação do mundo; sendo a consumação do resgate no triste episódio da cruz e, depois, na Sua gloriosa ressurreição; sendo Ele, por intermédio de quem, nós cremos em Deus que o ressuscitou dos mortos e lhe deu gloria, de tal maneira, que a nossa fé e esperança estejam em Deus.

 

Por fim, os versículos 22-23 nos fazem uma confirmação alentadora e uma exortação inestimável: “Agora que vocês purificaram a sua vida pela obediência à verdade, visando ao amor fraternal e sincero, amem, sinceramente, uns aos outros, e de coração. [Porque] Vocês foram regenerados não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus viva e permanente.” Glória a Deus, pela nossa bendita esperança, até que volte o Salvador, vindo, em gloria e majestade para arrebatar aqueles que, tendo crido nele, vivem em obediência, em fé, em esperança e santidade, à espera da grande Vitória!

 

Porque, ainda dentro tempo, Aquele que há de vir virá e não tardará.” (Hb 10. 37)

terça-feira, 29 de outubro de 2024

DEUS CONHECE A NOSSA ESTRUTURA EMOCIONAL

 




Leitura: 1Rs 18.10-21; 19. 1-5

 

Introdução

As Escrituras Sagradas ensinam que o Senhor Deus vê as pessoas, de modo totalmente diferente de como nós as vemos. Nós só podemos observar as suas características físicas e algumas manifestações perceptíveis aos nossos olhos, e nem sempre verdadeiras. Deus, porém, as avalia pelo que lhes vai na alma. Nada há que seja encoberto para o Senhor. (1Sm 16. 7). O salmista diz:

 

Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e me levanto; de longe percebes os meus pensamentos. Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos são conhecidos de ti. Antes que a palavra chegue à minha língua, tu já a conheces inteiramente, Senhor.” (Sl 139. 1-4)

 

Há inúmeros os exemplos de como as características exteriores de alguém são imperfeitas para que façamos uma avaliação adequada do outro. A nossa falha nesse aspecto é recorrente. O Senhor tem duas maneiras de escolher um servo para cumprir uma ordem:

a)                 São muitos os casos em que o próprio Deus chamou o servo. São exemplos bem claros, entre outros, Noé, Gideão, Josué, Isaías Jeremisas, e também os Doze, a quem Jesus mesmo convocou. (Gn 6. 11-13; Jz 11. 6-16; Is 1. 9; Jr 1. 5-7; Mt 4. 18ss)

b)                 Outros foram chamados por intermédio de líderes: Arão, Davi, Paulo e Barnabé, para as viagens missionárias, entre outros casos. (Êx 7. 1-2; 1Sm 16. 10-13; At 13. 2-3)

De qualquer maneira, direta ou indiretamente, aquelas escolhas provieram do próprio Deus.

Quando o homem decide escolher por conta própria, o desastre é iminente. Isso aconteceu com a escolha de Saul, para governar Israel.

1.                  Deus usou Elias, um profeta sem história

Não há registro bíblico sobre a história do profeta Elias, a não ser o seu lugar de nascimento. Ele era natural de Tisbe, ou Tisbé, uma cidade na região de Gileade, localizada, atualmente, na Jordânia, ao Sul do mar da Galileia. Nenhuma outra informação sobre ele. Mas, esse homem sem currículo foi intensamente usado por Deus, até que Deus o tomou para si, arrebatando-o ao céu, num carro de fogo, com cavalos de fogo, num redemoinho. É necessário que se leia a história desse profeta sem currículo, muitas vezes temeroso por causa da violência pecaminosa do rei Acabe e de sua mulher Jezabel. O currículo do homem não é condição sine qua non para que Deus o use, para cumprimento da sua vontade. Deus usou um sábio doutor da Lei, Paulo; mas também usou um pescador indouto, Pedro.

2.                  “O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza.” (2Co 12. 6)

O erudito apóstolo Paulo fez a máxima questão de deixar claro que todo o seu preparo intelectual não estava acima do poder de Deus. Há muitos crentes orgulhosos da sua intelectualidade, colocando-a à frente da operação do Espírito Santo. As coisas de Deus são tratadas segundo a vontade de Deus, da maneira que Deus decidir, independentemente daquilo para que nos sintamos capazes. Não somos capazes para Deus; apenas podemos nos tornar capacitados por Ele. Elias não apresentou currículo; pode ser que o tivesse, mas o Senhor não se interessou nisso. Deus não usa os soberbos em quaisquer que sejam as suas atitudes, não só as intelectuais. O Senhor os humilha para que se arrependam.

3.                  Deus pôs desafios diante do tímido Elias

Embora pareça que Elias se mostrava poderoso para atos sobrenaturais, o próprio Deus permitiu que ele deixasse evidente o seu caráter tímido, até mesmo medroso. Mais de uma vez o profeta estremeceu diante das circunstâncias, o que nos prova que Deus usa o homem, não a sua valentia pessoal. O poder jamais será de nós mesmos, porque pertence a Deus. Se a Bíblia não registrasse os temores de Elias, somente as suas vitórias, talvez, nós não atentássemos para ver que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza humana. Deus conhece, mais do que qualquer pessoa, as nossas fragilidades.

4.                  O medo pode voltar depois de grandes vitórias.

As instabilidades emocionais de Moisés; o pouco cuidado moral demonstrado por Davi; o reconhecimento da vida mundana de Isaías; a arrogância estúpida de Pedro; ou o caráter violento de João e Tiago não foram empecilhos para que o Senhor os usasse no cumprimento daquilo que decidira fazer; todavia, não deixou de colocar essas fraquezas diante deles, não apenas para os corrigir, mas também para nos corrigir dos nossos mesmos males.

 

Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros, e orem uns pelos outros, para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz. Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. Orou outra vez, e os céus enviaram chuva, e a terra produziu os seus frutos.” (Tg 5. 16-18)

 

Elias teve muitos momentos de medo e depressão. Porém, Deus não o desprezou por isso; mas lhe proveu do necessário, porque ele reconhecia que, mesmo em suas angústias, o Senhor o fortalecia, alimentava-o, por causa da sua vida de oração, por meio das quais ele confessava os seus temores e fraquezas.

Deus não esconde as nossas imperfeições: ele nos coloca bem diante delas, para que conheçamos a nossa realidade humana diante do seu poder transformador e abençoador de todos aqueles que reconhecem a sua insignificância e buscam ajustar-se àquilo que é a vontade do Pai. Coloquemos diante de Deus, com sinceridade as nossas imperfeições que afloram constantemente. O Senhor é fiel e justo para nos purificar de todo pecado, de toda fraqueza e timidez.

 

Conclusão

Que os exemplos aqui citados de tantas fraquezas notadas nos homens a quem Deus usou, possam servir a nós mesmos de espelho em que está projetada a nossa pequenez, a fim de que, tendo-as diante de nós, tenhamos a certeza de que Deus, antes de tudo nos conhece física e emocionalmente; ele conhece as nossas arrogâncias, conhece a nossa timidez e sabe que sem ele somos nada. O próprio Senhor Jesus alertou: “sem mim nada podeis fazer.”

 

... Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois, sem mim, vocês não podem fazer coisa alguma.” (Jo 15. 5b)

 


domingo, 13 de outubro de 2024

RELEMBRANDO A PARÁBOLA DO SEMEADOR (Mc 4. 1-8)

 








 

Introdução

 

As mensagens públicas de Jesus, proferidas fora da sinagoga, quase sempre eram transmitidas às multidões que o seguiam, mas também aos seus neófitos discípulos, os Doze. (Lc 4.37; 42; 8.4; 6. 17). Em várias ocasiões, aqueles escolhidos para acompanhar o Senhor careciam de um ensino mais particular.

Lendo-se a parábola do semeador, à primeira vista, tem-se a impressão de que se trata de um evento resultante de uma conversão, em massa, daquela multidão que estava ali. Jesus prega e o povo ouve!

O texto de Marcos, entretanto, a partir do versículo 10, mostra um resultado diferente da nossa expectativa, porque, na verdade, nem os Doze estavam aptos a compreender a mensagem do Senhor. A lição, porém, pode levar-nos a aprender sobre a tarefa que seria entregue à grande comissão, declarada em Mateus, 28.19-20.

 

1.             O agricultor é figura do evangelista

 

“... Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” (1Co 3. 6-7)

 

É importante verificar, na parábola, que não compete ao semeador preocupar-se com em que solo lhe cai a semente! A sua tarefa tem caráter contínuo, ininterrupto; ele deve prosseguir. Todavia, cabe-lhe a consciência de que a sua parte é executada.

Muitas vezes, aquele que evangeliza de modo inadequado não tem noção da divisão das tarefas, por isso, ele ultrapassa o limite da sua parte na obra e pode perder até a semente caída em boa terra.

 

2.            O processo da semeadura

 

O apóstolo Paulo, no versículo acima citado, mostra que um é o semeador, outro é o que cuida da plantinha germinada; mas Deus é que dá a ela o crescimento e a óbvia florescência. Essa lição é que conduz à meditação no que o mesmo apóstolo ensina em Efésios 4. 11-12, sobre os obreiros postos pelo próprio Deus, e à noção de corpo de Cristo. A Igreja, em si constitui o corpo de Cristo, ao qual todo crente precisa (necessariamente) estar não só ligado, mas ciente de que é um membro desse corpo. Não há membro sem função! (1Co 12. 4-11).

 

3.            Nem todo solo recebe bem a semente

 

Fica claro que não é papel do semeador verificar em que tipo de solo cairão algumas das sementes que semeia; entretanto, ele deve ser tão cuidadoso com o seu trabalho, que não deve caminhar paralelamente ao lugar preparado, pois, aí, cairão sementes que não vingam. Estar paralelamente situado ao caminho não é a melhor prática de evangelismo. Só a semente de quem anda no caminho termina frutífera. O semeador também não faz dos pedregais o seu trajeto preferido; ele não insiste com os endurecidos, porque há outros a ganhar!

Humanamente falando, nem sempre o semeador é o primeiro a sair pelo campo a semear. Antes dele deve vir aquele que vai arar o solo. Esse verificará o lugar para a boa sementeira; arrancará os espinhos e as pedras, deixando o solo preparado para o semeador. Evidentemente, é impossível passar-se o arado sobre o solo pétreo. A mensagem do evangelho nunca será aceita por todos os homens.

 

Conclusão

 

Não restam dúvidas de que o Senhor Jesus encarregou a Igreja da sua principal tarefa neste mundo, não sem antes afirmar que “todo poder lhe foi entregue no céu e na terra.” (28.18). Depois disso, ordenou aos seus servos uma sequência de ações bem delineadas:

a)           que partissem para a execução da sua ordem; o Senhor não quer a Igreja estacionada, improdutiva;

b)           que fossem fazer discípulos em todas as nações; para se fazerem discípulos é necessário o trabalho de natureza missionária, o qual exige preparo suficiente;

c)            que os servos os batizassem em Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; essa é uma instrução esquecida, ou desprezada, por muitos que saem a evangelizar;

d)           que ensinassem aos novos discípulos todas as coisas que ele mandara; não basta o semeador saber um pouco do que Jesus mandou; é preciso saber todas as coisas. Quando os crentes se mantêm fracos de conhecimento, ficam impedidos de serem bons semeadores. Cuidemos da instrução que preparará a igreja para a obra do ministério e para a edificação do corpo de Cristo. (Ef 4. 12)

Que Deus nos ajude a sermos fiéis àquele que prometeu estar conosco todos os dias, até o fim do mundo. Ele estará conosco até o fim. Depois disso, Ele nos dirá: “Venham benditos de meu Pai, possuam como herança o reino que está destinado a vocês, desde a fundação do mundo.” (Mt 25. 34)           

 

           

 

sábado, 28 de setembro de 2024

PASTORES NÃO SÃO CAPATAZES; SÃO PROTETORES DAS OVELHAS!

 










Proponho-me, aqui, a levantar uma questão da mais alta importância no ambiente cristão evangélico, principalmente, no ambiente pentecostal conservador. O uso desse adjetivo não envolve crítica, nem elogio: a Igreja cristã evangélica que se pauta pelas Escrituras Sagradas tem de ser absolutamente conservadora; caso contrário, não lhe cabe ser chamada de pentecostal.

Entretanto, inicialmente, levanto uma pergunta; o que significa ser “igreja conservadora”? Sem dúvida, creio que é desnecessário dizer que, neste caso, o adjetivo não envolve, aprioristicamente, a escolha do traje, nem o gosto pelos adornos que possam agradar aos afiliados às mencionadas igrejas; ressalvando, contudo, que aqueles que não têm bom senso nesse aspecto ficam excluídos dessa consideração. O que é, então, ser uma “igreja conservadora”?

Ora, conservadora é a igreja que se mantêm nos princípios apostólicos; e, para garantir essa posição, é imprescindível que ela mantenha acesa a chama do estudo bíblico dos evangelhos e das epístolas, pois esses textos concentram a essência do viver cristão, que, de modo algum, privilegia o que possa pensar, à parte das Escrituras, qualquer que seja a liderança, por mais antiga que seja. Aqui, de fato, trato da questão que encabeça esta página: Pastores não são capatazes; são protetores das ovelhas!

O evangelho, além de não se prender a tradições extrabíblicas, designa os pastores como homens dados à igreja (não o contrário) por decisão de Deus, com a finalidade de aperfeiçoá-la “para a obra do ministério e edificação do corpo de Cristo.” (Ef 4.12). A igreja tem ministério (Mt 28. 19-20)! Os pastores devem aperfeiçoá-la para essa tarefa! Assim, pastores servem às ovelhas; logo, eles têm de ser amigos delas, não capatazes, no mau sentido da palavra.

Porém, ao contrário disso, pelo que se vê frequentemente, tem surgido uma categoria de líderes posicionados entre o pastorado e o mercenarismo. A Bíblia deixa claro que ninguém pode servir a dois senhores; isso também quer dizer que a adoção de uma dupla maneira de conduzir o rebanho de ovelhas de Cristo (o rebanho não é propriedade deles, cf. Jo 21. 15-17), é detestável ao Senhor da Igreja.

É evidente que boa parte dos líderes pentecostais tem misturado a essência do viver biblicamente cristão com os interesses hierárquicos deste mundo. Porém, certa vez, os discípulos de Jesus decidiram disputar posição hierárquica na “igreja-protótipo”; Jesus repreendeu-os com uma claríssima exortação, que transcrevo:


E chegou a Cafarnaum e, entrando em casa, perguntou-lhes ‘Que estáveis vós discutindo pelo caminho? Mas eles calaram-se, porque, pelo caminho, tinham disputado entre si qual era o maior. E Ele, assentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: ‘Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos...”

(Mc 9. 33-37; Mt 18. 1-14; Lc 9-46-48. RC 1995)

 

Aqueles discípulos, à maneira dos homens deste século, disputavam avidamente posições hierárquicas. Foram repreendidos por Jesus! Outra passagem relata que dois discípulos queriam lugar privilegiado no Reino de Deus; mas Jesus os exortou dizendo que os que governam os povos sobrepõe-se, soberbos, aos governados e que homens considerados importantes têm poder sobre as nações...

 

“... Não será assim entre vós. Ao contrário, quem desejar ser importante entre vós será esse o que deve servir aos demais. E quem quiser ser o primeiro entre vós que se torne vosso escravo. Assim como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como único resgate por muitos.” (Mt 20. 26-28. KJA 2012)

 

Essas anotações devem, em caráter de urgência, levar-nos, os pastores, a um decidido retorno às Escrituras. Pastores não têm igrejas; igrejas têm pastores, os quais devem respeitar a bênção que Deus lhes concedeu: a de trabalhar, segundo instruem as Escrituras, pelo aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, que é a pregação do evangelho, também pelas ovelhas; e para a edificação do corpo de Cristo... (Ef 4.11-15). A função pastoral é vista sob dois aspectos: como preparadora da igreja como mensageira do evangelho e como edificadora do corpo de Cristo.

Questiona o apóstolo Paulo: “... Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados?...” (Rm 10. 14-15a)

Roguemos ao Senhor para que o Santo Espírito abra os olhos dos ministros que, já manifestamente, estão em falta com os seus deveres pastorais, para que retornem do mau caminho por onde têm andado, conformados com os interesses deste século (Rm 12. 2).

Esse será um grande passo para que toda a Igreja do Senhor viva nos padrões bíblicos, “crescendo na graça e no conhecimento de Jesus Cristo.” (2Pe 3.18).

 

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