Introdução
Tenho-me
preocupado com uma prática bastante comum entre crentes evangélicos, com
relação à morte precoce, que atinge, desde a infância até aqueles que não
alcançaram a velhice.
O
ser humano prevê que a partida deste mundo sempre ocorrerá após o acúmulo de
anos; quando a morte ceifa antes desse tempo, parece necessário buscar uma
explicação sobrenatural, o que não é correto. Morre o idoso como também morrem
a criança ou o jovem. Deus não criou o ser humano para a morte; o pecado é a
causa dessa submissão inexorável ao falecimento.
1.
A MORTE DO HOMEM É MEIO DE SALVAÇÃO?
Recentemente,
foi noticiada a morte de um jovem pregador (segundo informações na mídia
social). Consta que ele tinha 26 anos de idade. É evidente que era muito jovem,
quando um acidente de automóvel numa rodovia o matou. Até este ponto, tudo é
compreensível: pessoas em qualquer idade podem falecer em acidentes.
Ocorre
que as circunstâncias antecedentes a essa morte são nebulosas, pois há
informações de uma profecia sobre o seu passamento, entregue a ele por um certo
pastor (pelo que vi em foto, algum neopentecostal). O tom da mensagem também é
muito estranho e há uma fala do “profeta” que denota a sua falta de
conhecimento das Escrituras Sagradas. Ele brincou com o jovem pregador e
sugeriu que se ele morresse, voltasse em visão para lhe dar detalhes do céu!
Além
desses antecedentes há acusação de que o pregador falecido estivera,
acompanhado, numa balada, após o culto em que pregara. Dali viajou e morreu no
acidente.
Agora,
a vez do misticismo. Há crentes justificando o evento como providência de Deus,
para que o jovem pregador não viesse a se desviar dos propósitos divinos. Isso
quer dizer que estão usando a “doutrina” de que o Senhor chama para si, os
servos que, um dia, poderão abandonar os caminhos da Verdade!
Vale
lembrar que essa explicação desprovida de fundamentação bíblica não é nova;
vários pastores já fizeram esse comentário, para consolar familiares e amigos
dos que se foram, ainda jovens ou crianças. Se tal pensamento fosse uma
verdade, quantos dos que hoje são desviados deveriam ter sido recolhidos às
mansões celestiais? Onde está o respaldo bíblico para que tantos crentes
alimentem essa ideia?
2.
A MORTE PODE VIR COMO CASTIGO DIVINO?
A
Bíblia é clara em afirmar e dar exemplos de que Deus fere de morte a muitos dos
que não abandonam a prática do pecado.
“Lançai de vós todas as vossas transgressões com que
transgredis e criai em vós um coração novo; pois, por que razão morreríeis, ó
casa de Israel? Porque não tomo prazer na morte do que morre, diz o Senhor
Jeová; convertei-vos, pois, e vivei.” (Ez 18.32).
Não
há dúvida de que a morte é salário do pecado (Rm 6.23) para toda a humanidade
ímpia e, de modo particular, para os casos que Deus assim decidir (Nm 16; Dn
5.22-30; At 5.1-10; 12-23).
A
recompensa para os salvos é a vida presente e a vida futura da parte de Deus,
por Jesus Cristo, que disse: “Eu sou o pão da vida.” (Jo 6.48; 50).
Evidentemente, o nosso Deus, tendo dado ao ser humano a livre escolha do seu
caminho (Gn 4.7; Dt 30.19), não interromperia a vida de um salvo, fiel à sua
Palavra, a fim de evitar que um dia ele se desviasse. Aliás, a sentença para o
apóstata já está definida:
“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados
e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e
provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram,
sejam outra vez renovados para arrependimento, pois assim, quanto a eles, de
novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério” (Hb 6.4).
Conclusão
Que
as igrejas sejam ensinadas sobre este assunto, a fim de que não se propaguem
especulações quanto ao destino dos que partiram. Tendo partido desta vida, tudo
está posto à decisão de Deus, o justo Juiz que julgará segundo a sua Palavra.
O
dever dos vivos é manter a vigilância para não partir em desacordo com a
vontade divina. Deus não tem prazer na morte do ímpio, porque depois da morte,
segue-se o juízo (Hb 9.27). A morte do justo é preciosa aos olhos de Deus (Sl
116.15), porque o justo passa da efemeridade da vida terrena para a eternidade
da vida com Deus.
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