segunda-feira, 1 de novembro de 2021

A MORTE HUMANA COMO RESGATE CONTRA A QUEDA ESPIRITUAL?

 



 

 Introdução

Tenho-me preocupado com uma prática bastante comum entre crentes evangélicos, com relação à morte precoce, que atinge, desde a infância até aqueles que não alcançaram a velhice.

O ser humano prevê que a partida deste mundo sempre ocorrerá após o acúmulo de anos; quando a morte ceifa antes desse tempo, parece necessário buscar uma explicação sobrenatural, o que não é correto. Morre o idoso como também morrem a criança ou o jovem. Deus não criou o ser humano para a morte; o pecado é a causa dessa submissão inexorável ao falecimento.

 

1.    A MORTE DO HOMEM É MEIO DE SALVAÇÃO?

 

Recentemente, foi noticiada a morte de um jovem pregador (segundo informações na mídia social). Consta que ele tinha 26 anos de idade. É evidente que era muito jovem, quando um acidente de automóvel numa rodovia o matou. Até este ponto, tudo é compreensível: pessoas em qualquer idade podem falecer em acidentes.

Ocorre que as circunstâncias antecedentes a essa morte são nebulosas, pois há informações de uma profecia sobre o seu passamento, entregue a ele por um certo pastor (pelo que vi em foto, algum neopentecostal). O tom da mensagem também é muito estranho e há uma fala do “profeta” que denota a sua falta de conhecimento das Escrituras Sagradas. Ele brincou com o jovem pregador e sugeriu que se ele morresse, voltasse em visão para lhe dar detalhes do céu!

Além desses antecedentes há acusação de que o pregador falecido estivera, acompanhado, numa balada, após o culto em que pregara. Dali viajou e morreu no acidente.

Agora, a vez do misticismo. Há crentes justificando o evento como providência de Deus, para que o jovem pregador não viesse a se desviar dos propósitos divinos. Isso quer dizer que estão usando a “doutrina” de que o Senhor chama para si, os servos que, um dia, poderão abandonar os caminhos da Verdade!

Vale lembrar que essa explicação desprovida de fundamentação bíblica não é nova; vários pastores já fizeram esse comentário, para consolar familiares e amigos dos que se foram, ainda jovens ou crianças. Se tal pensamento fosse uma verdade, quantos dos que hoje são desviados deveriam ter sido recolhidos às mansões celestiais? Onde está o respaldo bíblico para que tantos crentes alimentem essa ideia?

 

2.    A MORTE PODE VIR COMO CASTIGO DIVINO?

 

A Bíblia é clara em afirmar e dar exemplos de que Deus fere de morte a muitos dos que não abandonam a prática do pecado.

 

“Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredis e criai em vós um coração novo; pois, por que razão morreríeis, ó casa de Israel? Porque não tomo prazer na morte do que morre, diz o Senhor Jeová; convertei-vos, pois, e vivei.” (Ez 18.32).

 

Não há dúvida de que a morte é salário do pecado (Rm 6.23) para toda a humanidade ímpia e, de modo particular, para os casos que Deus assim decidir (Nm 16; Dn 5.22-30; At 5.1-10; 12-23).

A recompensa para os salvos é a vida presente e a vida futura da parte de Deus, por Jesus Cristo, que disse: “Eu sou o pão da vida.” (Jo 6.48; 50). Evidentemente, o nosso Deus, tendo dado ao ser humano a livre escolha do seu caminho (Gn 4.7; Dt 30.19), não interromperia a vida de um salvo, fiel à sua Palavra, a fim de evitar que um dia ele se desviasse. Aliás, a sentença para o apóstata já está definida:

 

“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento, pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério” (Hb 6.4).

 

Conclusão

 

Que as igrejas sejam ensinadas sobre este assunto, a fim de que não se propaguem especulações quanto ao destino dos que partiram. Tendo partido desta vida, tudo está posto à decisão de Deus, o justo Juiz que julgará segundo a sua Palavra.

O dever dos vivos é manter a vigilância para não partir em desacordo com a vontade divina. Deus não tem prazer na morte do ímpio, porque depois da morte, segue-se o juízo (Hb 9.27). A morte do justo é preciosa aos olhos de Deus (Sl 116.15), porque o justo passa da efemeridade da vida terrena para a eternidade da vida com Deus.

 

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