Você sabe o que é intertextualidade? Como leitor da
Bíblia, é bom saber. Grande parte dos textos bíblicos oferecem bem claramente a
intertextualidade. Observe essa duas estrofes:
1
“Minha
terra tem palmeiras,
Onde canta
o sabiá.
As aves que
aqui gorjeiam
Não
gorjeiam como lá”.
2
“Minha
terra tem palmares
Onde
gorjeia o mar
Os
passarinhos daqui
Não cantam
como os de lá”.
O primeiro exemplo é uma
estrofe do poema indianista, de Gonçalves Dias, que também compôs outro belo
poema de cor indigenista “I Juca Pirama”. O segundo exemplo é um poema do
modernista Oswald de Andrade.
A intertextualidade sempre
pressupõe o diálogo de um texto com outro que lhe é precedente. Nota-se que,
evidentemente, Oswald compôs sob inspiração de Gonçalves Dias; porém, as motivações
foram diferentes: enquanto Gonçalves Dias, em “Canção do Exílio”, pretende dar
destaque à terra brasileira com suas belezas de flora e fauna, Oswald de
Andrade, em “Canto de Regresso à Pátria” assume outra postura: a de ironia em
relação a São Paulo e sua “modernidade” dos anos 20. Ambos os poemas contêm
versos de sete sílabas, embora haja variação nos ritmos (o Modernismo aboliu a
métrica e inaugurou o verso livre). Tratam de um mesmo tema: a ausência da
pátria, mas com perspectivas diferentes; o primeiro saudosista, em conformidade
com o movimento indianista; o segundo, irônico, brincalhão com quer a primeira
geração do Modernismo brasileiro.
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