Caso 17.
Forma indevida:
Foi gasto naquele prédio uma fortuna em mármore.
Forma adequada:
Foi gasta naquele prédio uma fortuna em mármore.
Comentário:
É bom lembrar que particípios podem equivaler a adjetivos. Nesse caso sofrem flexões de gênero e de número, a fim de concordar com a palavra à qual se referem. O sapato está gasto. A roupa está gasta. Foi devolvido um valor. Foi devolvida uma quantia. Convém mencionar que muitos erros de concordância ocorrem quando os termos sintaticamente relacionados estão distantes entre si. É necessário considerar que a nossa língua permite muitas intercalações e inversões, as perigosas “ordens inversas”.
Caso 18.
Forma indevida:
Foi eu quem falei com a gerente.
Forma adequada:
Fui eu quem falou com a gerente.
Comentário:
Primeiramente, respeitando a norma da concordância verbal, o correto será usar o verbo ser (da primeira oração) na primeira pessoa do singular: Fui eu. Para a oração seguinte, observe que a regra mais aceita impõe o verbo na terceira pessoa do singular, concordando com o pronome quem. A simplicidade do assunto pode ser notada se invertermos as orações: Quem falou fui eu. Entretanto, há gramáticos que, não sei por que razão, aceitam a construção: Fui eu quem falei!
Caso 19
Forma indevida:
Gostaria de saber aonde você está.
Forma adequada:
Gostaria de saber onde você está.
Comentário:
A palavra onde é, em geral, classificada como advérbio de lugar. Aliás, é bom lembrar que essa palavra sempre se refere a uma noção espacial precedente; mas, não raro, tenho observado o mau emprego dela. Já ouvi frases tão absurdas quanto esta: A saudade é um sentimento onde...
Ora, o antecedente (saudade) não é de noção espacial, logo; não aceita o uso de onde. O correto é usar o relativo que.
Nos casos em que exista a necessidade das preposições a ou de, estas se ajuntam ao advérbio, resultando as formas aonde, donde.
Para evitar erro, basta entende que a forma aonde equivale à forma para onde; assim, só se emprega com verbos que denotam movimento. Note os exemplos seguintes:
Quero saber aonde você vai. (O verbo expressa movimento).
Quero saber onde você fica nas férias. (O verbo não expressa movimento).
Caso 20.
Forma indevida:
Eles são que avisam da chegada dos policiais.
Forma adequada:
Eles é que avisam da chegada dos policiais.
Comentário:
A forma é que é apenas enfática: só usada para realçar a expressão em que aparece. Note que sua eliminação não altera o conteúdo da frase: Eles avisam da chegada dos policiais. Entretanto, se a partícula verbal (ser) estiver anteposta a sujeito plural, concordará com ele. Assim, “São eles que avisam da chegada dos policiais”.
Caso 21.
Forma indevida:
Faça-me dois ovos estalados para o almoço.
Forma adequada:
Faça-me dois ovos estrelados para o almoço.
Comentário:
Os ovos postos para frigir (ou fritar, se for a sua escolha), assumem na frigideira uma forma de estrela (estelar); por isso, fala-se “ovos estrelados”; e não, estalados.
Caso 22.
Forma indevida:
Esse sentimento é amarguíssimo!
Forma adequada:
Esse sentimento é amaríssimo!
Comentário:
Os adjetivos apresentam uma flexão (variação) chamada flexão de grau. São dois os graus dos adjetivos: o comparativo e o superlativo. As formas dos comparativos não são tão complicadas e expressam valores de igualdade, superioridade ou inferioridade. Normalmente empregam-se as formas: tão (tanto) quanto, mais que, menos que. Vale lembrar que menor e pior são formas do comparativo de superioridade!
Já o grau superlativo exige mais atenção. Superlativo quer dizer intensificado; ou seja, trata-se de uma forma de intensificar a adjetivação. Há o superlativo analítico e o superlativo sintético como demonstram os exemplos seguintes:
Normal: A jovem é amável.
Superlativo analítico: A jovem é muito amável.
Superlativo sintético: A jovem é amabilíssima.
Uma dificuldade com as formas sintéticas está em que é baixa a frequência delas na língua coloquial. Por isso, convém consultar sempre os manuais que relacionam essas formas. O falar coloquial (popular, familiar) não recusa a forma amarguíssimo. Isso ocorre também com pobríssimo, magríssimo e outras mais.
CONTINUE ACOMPANHANDO AS POSTAGENS SEMANAIS.
Um abraço.
Meu nobilíssimo professor, primeiramente quero agradecer a Deus por sua preciosíssima vida e valiosíssimo trabalho que ora dedica aos que, embora sejam "tortinhos" como eu no uso indevido da língua de Camões, esforçam-se para falar e escrever DIREITINHO. Certíssimo estou que nada do que fazemos para abençoar pessoas de perto ou de terras longínquas (estou aqui...em Boston) cairá no esquecimento do Altíssimo. Sabedoremos somos que Ele é fiel e justo. Jamais esquece do trabalho de nossas mãos. PARABÉNS! Seu aluno
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