Pois é, li no Genizah, entrevista realizada com o ex-bispo, ex-Renascer, Zé Bruno. Gostei do que ele disse. Não é todo dia que se veem pessoas declarando que se preocuparam com a própria situação, e se puseram a meditar, em busca de uma compreensão melhor de suas atitudes e ocupações. Tais atitudes andam em baixa nestas épocas, em que o importante é “conquistar”.
Nas batalhas, as estratégias incluem recuo; nem tudo são passos para “tomar posse”. Então, parece-me que há muito estrategista errando, quando levam seus batalhões à invasão do campo inimigo, alimentados apenas pela ânsia de “conquista”. Mas, voltemos ao Zé Bruno (ele quer que o chamem assim).
O entrevistador solicitou que ele explicasse a razão de deixar de lado o “status” episcopal (bonito não!) para se declarar “simplesmente pastor”. Creio que em outra época, o Zé não aceitaria o rebaixamento — não usei as aspas, porque o texto ficaria muito marcado. O pastor, então, passa a explicar com seriedade, o motivo de sua opção.
Segundo relata na entrevista, ele esclarece que se vive uma época de interesse pelo destaque pessoal. Vive-se em tempos de vaidade e de ansiosa busca pelo lugar mais importante. Quanto mais alto o espaldar da cadeira, mais alto fica pendurado o orgulho. Zé Bruno percebeu isso; por isso mesmo, abriu mão daquilo que o mantinha em destaque. Sua atitude não pretendeu uma lição de humildade espúria: mostrou amadurecimento de um obreiro na Seara do Senhor.
O entrevistado lembrou que o próprio Senhor Jesus não se impressionou com títulos dados por homens (Mc 10: 18), sendo, Ele mesmo, o Mestre (Mateus, 23: 10). Os apóstolos irmanaram-se ao Corpo, sem se julgarem dignitários. Por que razão — ele diz — não pode ser apenas um membro do Corpo de Cristo, desempenhando uma função, um trabalho (não um cargo) para o qual o Mestre o designou: um pastor de almas?
Outra bela reflexão amadurecida de Zé Bruno é que púlpito não é altar e pastor não é sacerdote. O púlpito é uma tribuna, de onde se dirigem os trabalhos do culto e de onde se expõe a Palavra de Deus. Acrescento eu: Esdras, o escriba, não se instalou em um altar, quando leu a Lei para o povo. Diz o texto sagrado que ele estava “sobre um púlpito de madeira, que fizeram para aquele fim;...” (Ne 8: 4). Nos púlpitos não estão sacerdotes que ofereçam sacrifícios, à maneira do Antigo Testamento.
Nesta Dispensação da Graça, o sacrifício somos nós, como ensina o apóstolo Paulo (Rm 12: 1).
A apreciação que faço da atitude do pastor Zé Bruno não implica oposição de minha parte aos títulos eclesiásticos, desde que compatíveis com o que determinam as Escrituras Sagradas. Quem concedeu os títulos foi o Senhor, como registra o apóstolo Paulo em Efésios, 4: 11.
A questão é que aos homens da obra foram dados esses títulos com uma finalidade específica: “... querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4: 12-13).
Por isso, é apreciável que o bispo tenha reconhecido seu papel de pastor. Oxalá ele possa continuar sua jornada ministerial em crescimento para o bem da Seara do Mestre e que os interessados em postos e cargos de magnífica consideração humana sejam despertados para realizar a verdadeira vocação para a qual foram chamados. Não existe crente sem vocação: o Senhor Jesus resgatou o seu povo do mundo vil, para que cada um (homem ou mulher) realize o trabalho que lhe é designado e do qual dará conta a Ele mesmo.
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