“Jesus, entretanto, lhes afirmou: Eu vos asseguro, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão”. (Lc 19: 40).
O versículo acima se contextualiza no episódio em que Jesus, montado num jumentinho, é aclamado rei pela multidão de discípulos. Os fariseus, que a tudo acompanhavam, tentaram impedir a expressão de cristianismo daqueles seguidores de Jesus. O exemplo relatado por Lucas bem retrata que sempre houve quem pretendesse inibir a voz daqueles que decidem dar honra absoluta ao Senhor.
Não se vive hoje situação diferente. Ainda que não haja, por enquanto, uma mordaça explicita, as circunstâncias impõem um tímido silêncio a quem, vendo o erro, preferiria denunciá-lo. Qual a causa dessas omissões? São várias essas causas; mas a principal se apoia naquilo que se pode entender por sociedade.
O homem, porém, não é somente um ser social; mas também, político. Esse viés, o político, é que se submete à força do poder. Diz velho dito popular mundano: “Quem pode mais chora menos”.
A sociedade, observada sob seu caráter coletivo, gera automaticamente normas que se tornam instrumentos de estereótipos. As células sociais só congregam os que colaboram para a manutenção dos princípios estabelecidos. Dessa maneira, generaliza-se a idéia de padrão, a noção de uniformidade, o que pode sufocar melhor entendimento.
Área perigosa essa, uma vez que parece tênue a linha que divide o bom senso da insensatez; mormente, se observada sob o aspecto do comportamento religioso-cristão evangélico.
Se, nas linhas anteriores, parece que defendo a irrestrita liberdade a qualquer maneira de pensar, levanto, para esclarecer, a necessidade da busca do bom senso e da aplicação dos princípios irremovíveis da Palavra de Deus. Não há correção naquilo que fere a Constituição divina. Não há Cristianismo sem a Bíblia. Por que, então, tantas entidades se intitulam evangélico-cristãs, se ferem esses princípios? Por que, ainda se calam as vozes dos que veem os erros? Aguardam que as pedras clamem?
Que bom senso ou espiritualidade há em um líder religioso que ensina, por meio da televisão, que o Espírito Santo é “um gênio” que toma posse da inteligência humana, dotando-a de uma capacidade insuperável para aquisição de bens e riquezas materiais? Não é isso uma heresia? Uma aberração? É evangélica uma igreja dessas? Faz parte do corpo de Cristo? Não!
Não há necessidade de se buscar com uma lupa os exemplos de aberrações e heresias no meio evangélico. Não é difícil encontrar-se uma “bispa” que tem Deus dentro de si (ela não está em Deus; Ele está dentro dela!). Que Bíblia ensina isso?
O mundo vive uma onda de “sabedorias particulares” que buscam agregar os incautos e ignaros (2Co 11: 13). Claro que existe uma parcela de cristãos que não se dobram ao que ministram esses falsos mestres. Mas, por algum motivo — comodismo, medo de serem postos à parte, ou por outra insegurança qualquer — optam pelo silêncio, pelos comentários, à boca pequena, apenas entre seus pares. Estão escondidos na caverna!
É hora do exercício da liberdade dada por Cristo. Os profetas do Antigo Testamento não comungaram, jamais, com o pecado. O Senhor nunca se omitiu diante dos erros; seus primeiros seguidores não fecharam suas bocas, ainda que isso lhes custasse a vida. Todos priorizaram a verdade maior expressa na Palavra de Deus. A tônica é “Está escrito!”.
Por que estamos tão apegados à defesa do que é pessoal, em detrimento da defesa da Verdade? Já não é tempo da manutenção desse obsequioso silêncio imposto pelos interesses discutíveis; senão, “as próprias pedras clamarão”, inclusive contra nós próprios.
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